quinta-feira, 12 de março de 2009

Memórias de Infancia

Alguém se lembra desta lenga lenga???

A minha mãe costumava cantar-me o refrão quando saia do banho. Punha a toalha em cima da minha cabeça e começava:



- Oh cabacinha não viste para aí uma velhinha?
A velhinha de dentro da cabacinha respondeu:
Não vi velhinha, nem velhão
Corre corre cabacinha
Corre corre cabação!!!
Eu ria, ria, ria à gargalhada e pedia mais...mais... A lenga lenga toda é assim:

Corre corre cabacinha corre

Era uma vez uma velhinha que vivia só, na sua casinha da aldeia.

Certo dia, recebeu uma carta da sua neta, que vivia numa terra distante. A carta trazia-lhe uma grande alegria – a neta ia casar-se e convidava a avozinha para assistir ao seu casamento.

Tão contente ficou que imediatamente se pôs a caminho para não chegar atrasada.

Depois de ter andado alguns quilómetros, surgiu à sua frente um grande lobo que lhe disse numa voz rouca:

Ai, velhinha, que eu como-te!

Ai, não me comas, que eu estou muito magrinha. Vou ao casamento da minha neta e, quando de lá voltar, já venho mais gordinha!

Está bem na volta cá te espero! - respondeu o lobo e deixou-a seguir caminho.

Lá mais adiante, surgiu-lhe na frente um urso, que, pousando-lhe as patas nos ombros, lhe disse ao ouvido:

Ai, velhinha, que eu como-te!

Ai, não me comas, que eu estou muito magrinha. Vou ao casamento da minha neta e, quando de lá voltar, já venho mais gordinha!

Tal como o lobo, o urso achou que a velhinha tinha razão e deixou-a seguir viagem, dizendo:

Está bem na volta cá te espero!

Já quase no fim da viagem, uma terceira fera apareceu à velhinha – era um leão.

Ai, velhinha, que eu como-te!

Ai, não me comas, que eu estou muito magrinha. Vou ao casamento da minha neta e, quando de lá voltar, já venho mais gordinha!

O leão também acho que era melhor esperar que ela voltasse mais gordinha. Então disse-lhe:

Está bem na volta cá te espero!

Muito assustada a velhinha continuou o seu caminho até que chegou, por fim a casa da neta. Contou tudo o que lhe acontecera e a neta aclamou-a dizendo que não haveria problema nenhum.

O casamento foi muito bonito e a velhinha estava muito feliz.

Mas, quando se decidiu a voltar para a sua casa, começou a ficar com muito medo. A neta correu ao quintal, cortou a cabacinha maior e mais redondinha que lá tinha abriu-lhe uma pequena porta e a velhinha entrou nela. A neta voltou a fechar a cabacinha.

Então a viagem começou quando a cabacinha e a velhinha rebolavam estrada fora .

A certa altura passaram ao pé do leão, que perguntou:

- Oh cabacinha não viste para aí uma velhinha?

A velhinha de dentro da cabacinha respondeu:

Não vi velhinha, nem velhão

Corre corre cabacinha

Corre corre cabação!!!

O leão fez cara de admirado!

A cabacinha continuou rebolando pela estrada for a.

Um pouco mais à frente estava o urso, esperando.

Este resolveu perguntar:

Oh cabacinha não viste para aí uma velhinha?

De dentro da cabacinha, a mesma voz respondeu:

Não vi velhinha, nem velhão

Corre corre cabacinha

Corre corre cabação!!!

A cabacinha continuou rebolando, rebolando, sempre a toda a pressa.

O urso não percebeu nada do que via e ouvia…

Mais perto de casa estava o lobo esfomeado. Ao ver a cabacinha perguntou-lhe:

Oh cabacinha não viste para aí uma velhinha?

De dentro da cabacinha a voz da velhinha fez-se ouvir:

Não vi velhinha, nem velhão

Corre corre cabacinha

Corre corre cabação!!!

O lobo pulou de raiva.

Finalmente a nossa velhinha chegou a casa. Não havia mais perigos.

Pela estrada for a tinham ficado, enganados, os seus três inimigos.

A cabacinha salvara-lhe a vida.

Conhecem? Que boas memórias isto me tras!