quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Ler é o melhor remédio

Tenho centenas de livros nas prateleiras da sala que não tenho coragem de me libertar deles. Muitos deles de quando eu era criança, na esperança que os meus filhos tivessem o mesmo gosto pela leitura e pela escrita que eu tenho. Estão lá, intactos, com as suas histórias de aventura, histórias fantásticas com personagens de todo o género. Livros que ainda hoje olho para eles e me trazem memórias boas do tempo em que eu tinha tempo para ler e passava dias inteiros literalmente envolvida no mundo daquele livro. Tento fazê-los entender a capacidade que a nossa mente tem de imaginar as personagens apenas pela forma como o autor as descreve, como conseguimos conhecer locais, países ou imaginar um planeta completamente diferente e distante apenas através da forma como o autor os caracteriza. O modo como nos envolvemos na tristeza das personagens e como conseguimos até ficar zangados com as personagens, da mesma forma como choramos de alegria com um final feliz. Muitas vezes acabo um livro e penso como seria a vida daquela personagem depois da história que foi contada. Sim, é ficção. Ás vezes não, até são inspiradas em histórias reais que nunca conheceríamos se não tivéssemos lido aquele livro. Para mim ler é inspirador, a minha melhor forma de libertar o stress e relaxar. Quando leio entro noutro mundo, noutro século por vezes. Vivo nos anos 30 ou sou uma astronauta em Marte. Um dia sou uma princesa, noutro sinto-me uma detective. Sinto-me parte daquela história como se eu própria vivesse aquela história. Só quem gosta de ler compreende. E eu gostava que os meus filhos conseguissem sentir esta experiência. É tão, mas tão boa e enriquecedora.

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#coisasboasdavida #ler #livro #ospequenosnadas


terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Gosto de ser FELIZ

Gosto do sol e do calor do sol quente na minha pele
Não gosto de chuva e de sentir os pés molhados
Gosto do mar e do som do mar da minha praia
Não gosto de água fria e de ter a pele arrepiada
Gosto de ouvir a chuva quando estou na cama
Não gosto de dias cinzentos e feios
Gosto do toque da pele de quem amo
Gosto do cheiro a pão quente caseiro acabado de sair do forno
Gosto do pêlo brilhante do meu cão quando acaba de sair do banho
Não gosto de gritar nem de ter de me chatear
Gosto dos meus amigos e gosto que gostem de mim
Gosto de ver filmes e séries de mão dada
Gosto de rir e de dar gargalhadas
Gosto de dormir aninhada
Gosto de dar beijos e sentir o toque dos meus lábios na pele de quem amo
Não gosto que me ignorem
Gosto de passear e de ver coisas bonitas
Não gosto de correr
Gosto de comer e de ser saudável
Não gosto de estar doente e de me sentir mal
Gosto de dançar, de ouvir musica, sorrir e sonhar
Gosto de me enfiar na cama dos meus filhos e sentir o calor deles
Gosto de escrever o que sinto e partilhar
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#gostonaogosto #coisasboasdavida #amordaminhavida





segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

42 anos a festejar a vida

Vive-se intensamente num mundo louco, tentando e fazendo por ser feliz todos os dias. Mais um ano que passou, mais uma primavera ou neste caso, que nasci no inverno, mais um inverno. Nasci no inverno por engano com certeza pois o meu coração tem o verão lá dentro. Sou uma pessoa de calor, vindo de todas as formas. Foi um ano que passou sem eu dar conta é verdade. Sem tropeções, sem grandes desilusões. Foi um ano em que se resolveram alguns berbicachos. Já são 42 anos de vivências, de amor, de tristezas, de desilusões e alegrias. 42 anos a festejar a vida. Este ano foi mais um ano cheio de tudo. Passei o dia 9 de Dezembro, rodeada da minha família, fiz compras de Natal e acabei a jantar a sós com a pessoa da minha vida. Não podia ter desejado melhor. Fui feliz. Sou FELIZ. #aniversário #maisumano #soufeliz #festejaravida




Vida a contra relógio

O despertador toca implacável. O corpo ainda dormente pede mais descanso. Fecha-se os olhos só mais um bocadinho....
.... Quando se abrem novamente começa a corrida a contra relógio. Mais um dia. Acordar miúdos aos beijos e abraços (para violência matinal já basta o nosso despertador). Pequeno almoço que se leva para o caminho. Pára-arranca numa fila interminável. E as horas a passarem a correr. No trabalho o telefone toca, o email urgente que tem de se responder, o chefe que insiste no prazo daquele trabalho que estamos a terminar. Ao almoço corre-se para o ginásio mas nem aí o tempo pára. Corre-se, pula-se, respira-se, sua-se. Alma renovada mas cansada. Banho revigorante, compras de ultima hora e corre-se para a sessão da tarde no trabalho. Almoça-se lá rapidamente a marmita que se trouxe de casa. Mais um telefonema, um email, contas de fornecedores e estado para pagar. Reunião e já é hora de voltar. Mais pára-arranca numa outra fila que parece não ter fim. Levar miúdos ao futsal ou ficar a fazer o jantar. A segunda opção normalmente. A primeira fica por conta do pai. Chegam miúdos, tomam banho e mesa para jantar. Berra-se desnecessariamente nesta altura por conta do cansaço e da pressa do dia. Berra-se com todos indiscriminadamente e todos berram. Arruma-se a cozinha e já é hora de colocar miúdos na cama. São 23h quando finalmente respiramos. Temos sorte ainda assim. E assim começa outro dia. #pressadeviver #otempovoa


sexta-feira, 11 de novembro de 2016

A amizade novamente

A amizade é uma coisa estranha. Não devia ser mas para mim é. Costuma dizer-se o mesmo do amor mas neste caso falo da amizade mesmo. O problema não és tu, sou eu também se pode aplicar aqui. Mesmo achando lá no fundo que não temos culpa alguma desse abandono.

Tenho inveja das amizades longas e sérias, daquelas pessoas que têm os mesmos amigos há 30 e 40 anos e que mesmo não os vendo ou falando todos os dias, sabem que podem contar com aquelas pessoas. A inveja é feia dizem vocês. É, mas eu tenho. E tenho porque nos meus 40 e quase 2 anos de vida, olho para trás e percebo que não tenho esse tipo de amizades na minha vida. A minha amiga mais antiga, digo verdadeira amiga (penso eu de que, pois já não digo nada), tem uns 15 anos talvez. Tenho muitas pessoas que chamo de amigas com muito mais anos como é óbvio, mas sejamos realistas. Serão amigas mesmo?


Costumo escrever aqui imensas vezes sobre a amizade porque é um tema que me toca particularmente. Sou uma pessoa que gosto de estar com outras pessoas, gosto de socializar e por isso não consigo perceber o que se passa comigo quando não consigo manter determinadas amizades.

Tento dar justificações a mim própria. A pessoa x está muito ocupada, não tem tempo para ligar, os filhos têm uma vida social muito ocupada, tudo verdade mas ainda mais verdade é isto. Quando se quer mesmo estar com essa pessoa, arranja-se sempre um bocadinho. Sem espinhas.

Há uns tempos eu escrevia aqui felicíssima que andávamos no auge com novas amizades e que isto dos miúdos teve o seu tempo mau mas que agora é que era e seriam amizades para valer estas de agora que se tinham criado, muito por causa dos miúdos .

Mas é tudo uma ilusão. Era tudo uma ilusão. Como um casal de namorados que nos primeiros tempos é só beijinhos e abraços e amor isto e amor aquilo mas passado um tempo, percebe que os caminhos afinal são paralelos. Ou seja, caminham lado a lado mas sem interferências. Cada um na sua.

Não estou a escrever isto de modo amargo (embora admita que possa parecer). Escrevo isto apenas como o constatar de uma certeza que cada vez tenho mais presente na minha vida.

A certeza que se calhar não é a amizade que é esquisita. Sou eu que estou cada vez mais esquisita e sou cada vez mais exigente. Dizem que a amizade não se cobra mas eu talvez seja uma pessoa cobradora. Porque eu dou muito de mim e fico deveras triste quando não recebo o mesmo do outro lado. Percebo que quando se cobra, o outro lado pode não gostar e percebo porque por vezes também sinto o mesmo por parte de outras pessoas cobradoras. Mas a amizade acaba por ser mesmo isto. É saber cobrar, saber aceitar a cobrança. Não fugir.

Continuo a dizer que os homens são muito melhores que as mulheres a gerir as amizades.

Mas também posso ser eu a culpada de não ter amigas de longa data. Sou de certeza eu.

Ai credo, que post tão lamechas este. Deve ser da mudança de hora que me afectou o humor. E do frio... e tudo... pronto. Já chega. Melhores dias virão para esta miúda tonta.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

MEDO

É a palavra que mais define o meu sentimento neste momento. A América foi a votos ontem. Donald Trump (sim, sim... esse mesmo) e a Hillary Clinton (sim, sim... essa mesmo). Venha o Diabo e escolha mas ainda assim dentro do mau, que escolhesse a Hillary que talvez fosse a que quem aquece nem arrefece.

Mas NÃO!!!! Aquele povo escolheu quem se candidatou quase como uma brincadeira. Pelo menos era o que eu achava... que era uma brincadeira... de muito mau gosto por sinal. A América escolheu o Trump. Uma pessoa ordinária, com ideias radicalistas, homofóbico e xenófobo.  Alguém que eu não me admira nada que leve o mundo para uma 3ª Guerra Mundial.

Há 8 anos atrás eu escrevia isto cheia de esperança que a eleição do Obama tivesse alguma influencia na melhoria das condições do mundo. 4 anos depois já com a realidade bem visível de que afinal o Obama também não aqueceu nem arrefeceu no que diz respeito à melhoria do mundo, mas que ainda assim continuava a ser um presidente que incutia confiança nas pessoas, lá voltou a ganhar.

Agora só digo que espero sentir o mesmo nos proximos anos, que senti nos ultimos 8 anos com o Obama presidente que é, rigorosamente NADA!.

E desta vez espero mesmo não sentir nada pois a sentir alguma coisa, tenho a certeza que não vai ser positiva.

MEDO!!!! Muito MEDO do que pode vir do outro lado do Atlântico.

http://www.jn.pt/mundo/interior/aconteceu-trump-eleito-presidente-5487667.html

http://visao.sapo.pt/opiniao/em-sincronizacao/2016-11-09-Trump-presidente--Merda-merda-merda

http://www.dn.pt/mundo/ao-vivo/interior/america-escolhe-o-proximo-presidente-5486923.html


sexta-feira, 15 de julho de 2016

PORTUGAL !!! VIVA PORTUGAL!!!!

Tanto tempo sem vir cá. Inadmissível. Eu que gosto tanto de escrever. Perguntavam-me há pouco se tinha abandonado os meus blogs. Não. Não abandonei nenhum deles. Mas, para escrever e escrever bem é preciso estar inspirada. Não gosto de escrever só por escrever. Isso faço-o nas paginas do facebook em 3 linhas ou um parágrafo.

Mas pronto, depois de mais uma pergunta... " e os teus blogs?" achei que era altura de, pelo menos fazer o merecido post sobre Portugal.

Portugal conseguiu no domingo dia 10 de Julho o feito de ser campeão europeu de futebol. Algumas pessoas, por variadas razões consideram que este feito não é nada de especial. Mas será mesmo que não é nada de especial? Como se explica então esta felicidade imensa que sentimos no peito naquela noite a 10 de Julho? Como se explica o facto de terem saído à rua milhões de pessoas por todo o mundo simplesmente para festejar? Eu acho que não se explica. Sente-se apenas. Eu sou sportinguista e lembro-me do quanto fiquei contente quando o meu sporting foi campeão há uma série de anos atrás. Demasiados anos. Fiquei mesmo contente. No entanto, nos anos em que não fomos campeões não fiquei nada triste. Sou franca. Passou-me mesmo ao lado. Mesmo este ano que tivemos ali a um passo de ser. Faltou apenas um danoninho. 

Com Portugal tem sido diferente. A probabilidade de sermos um dia campeões de qualquer coisa era ínfima. Parecia uma coisa completamente inatingível. A única vez que senti que estivemos mesmo perto foi no Euro 2004 e vibrei. Se vibrei com aqueles jogos. Acreditava que seria aquele o nosso ano. Lembro-me do jogo da Grécia e no que senti quando perdemos a final. Foi a 1ª e única vez que chorei copiosamente por causa de um jogo de futebol. Foi uma tristeza enorme que se abateu em mim na altura e lembro-me que fiquei triste vários dias. Mesmo em anos seguintes noutros campeonatos, a tristeza de termos perdido aquele Euro 2004 esteve sempre presente. Tinha sido uma festa linda. A nossa festa. Depois disto habituei-me a perder. De cada vez que ficávamos para trás, ficava triste mas era a vida. Até este ano. 

Este ano os jogos do Euro começaram como todos os outros jogos com Portugal. Sem emoção. Confesso que me ria quando o Fernando Santos dizia que só vinha para casa dia 11 com a taça. Não acreditava. Não acreditei. Via os jogos com aquela incrédulidade e mesmo quando passávamos à fase seguinte, pensava sempre. Olha, passámos... que estranho. Foi só quando passámos às meias finais que pensei que talvez... apenas talvez pudesse ser o nosso ano. Mas depois, o meu marido dizia-me também ele incrédulo, que do outro lado haviam de nos calhar a França e a Alemanha e nós nunca tínhamos ganho à França. Continuei sem acreditar, embora no fundo, bem no fundo, a esperança tivesse a dar sinal de si.

No dia do jogo, pensámos em ir ver fora. Mas como estávamos muito cansados, tinha sido um fim de semana cheio de eventos, acabámos por ficar em casa. Mais uma vez a incredulidade ganhou pois se eu tivesse mais fé não tínhamos ficado em casa a ver o jogo.

O jogo foi, como todos os outros pouco emocionante. E, como todos os outros (com excepção de um) com direito a prolongamento 0-0. Tudo indicava que se iria resolver em penaltis. Um desatino. Sem Cristiano Ronaldo, a equipa ia fazendo o que podia. Jogaram bem na 2ª parte, mesmo sem golos foi talvez dos melhores jogos que vi. Mas foi no prolongamento que tudo se resolveu, inesperadamente com um golo de Éder. Pulei instantaneamente do sofá, saltei e gritei e bati palmas. Se eu tivesse uma buzina ali, tinha lhe dado forte e feio na buzina, pois só me apetecia gritar. Mas ainda faltavam alguns minutos para o final... demasiados. Já não me consegui sentar. Fiquei a andar de um lado para o outro atrás do sofá e de cada vez que a bola se aproximava da nossa baliza eu tremia. Comi os minutos com os olhos à espera do apito final e quando apitaram.... quando apitaram saltei, saltei, saltei. 

Corri a ir buscar os cachecóis que nem me tinha atrevido a tirá-los do saco, não fosse dar azar. Pedi ao meu marido para irmos para a rua apitar. Sim... tudo isto era eu... sozinha. O meu marido estava feliz, sim mas sem exageros. Vi-o mais feliz (muito mais feliz) quando o seu Benfica foi campeão e bi campeão. Os meus filhos olhavam para mim boquiabertos e resolveram que não queriam ir festejar. Queriam ir para a cama dormir. E eu olhava para eles e dizia... não podem! Vocês não podem ir dormir hoje! Já! Temos de ir festejar. 

Mas era eu e 10.999.997 pessoas. 3 pelo menos, que estavam ali à minha frente, estavam imunes à festa. Se calhar havia mais pessoas imunes mas também há quem diga que não somos 11 milhões mas sim 14 milhões de portugueses.  Agora, aquelas 3 pessoas à minha frente não estavam a vibrar como eu. Aquelas 3 pessoas vibraram mais com o Benfica do que com Portugal. E eu pergunto. Como é possível isto? Que haja pessoas que não ligam a futebol, nem a seleções, respeito. Claro que há e também conheço algumas. Ainda assim, acredito que mesmo essas pessoas tenham ficado mais felizes do que estas 3 que vi a minha frente.  Eu não entendo como se pode considerar a vitória de um clube, mais importante do que a vitória de uma seleção de Portugal a nivel europeu. Não percebo, pronto.

Eu fiquei feliz. Eu ainda estou feliz e já passaram 5 dias. Eu também me sinto campeã europeia. Vá-se lá perceber estes sentimentos. Eu fui para a rua festejar e gritar. Eu vi a seleção passar aqui na rua, no autocarro dos campeões e voltei a gritar e festejar. Acho isto ENORME! 


Acho estas vitórias ENORMES. Tal como também acho enorme as medalhas que os nossos atletas portugueses trazem para casa nos eventos desportivos europeus, mundiais e olimpicos. E vou ver e vibrar com os nosssos atletas agora nos jogos olimpicos e torcer que também eles tragam medalhas para Portugal. 

Viva Portugal! Viva os nossos atletas!! E viva todos os portugueses que apoiam as suas equipas e atletas e torcem para que Portugal, este cantinho à beira mar plantado seja um país enorme reconhecido pelos seus feitos. Dá-nos a todos um bocadinho de esperança de sermos melhores. E a vontade de vencermos. Porque se eles conseguiram concretizar um sonho. Nós também conseguimos. 

VIVA PORTUGAL!

quarta-feira, 16 de março de 2016

Gritar, gritar, desesperar

Em todo o lado se vêm textos com verdades absolutas e incontornáveis sobre aquele tema tão sensível para nós mães que é gritar ou não gritar com os nossos filhos. Textos que lemos e relemos, concordamos, partilhamos com outras mães e pais e tentamos lembrar-nos dos mesmos de cada vez que o(s) nosso(s) filhos resolvem chagar-nos a cabeça. A culpa é nossa e não deles. Nós é que somos os culpados e não eles. Nós é que temos de nos controlar e não eles. Há milhares de outras formas de os chamar a atenção sem ser a gritar e a bater. E o sentimento de culpa que fica depois de nos termos passado da marmita? Tudo porque lemos e relemos aqueles textos de como não devemos nem podemos gritar e porque concordamos com eles e porque na verdade nós não queremos ter de gritar!

Eu não gosto de gritar, aliás eu detesto gritar. Mas grito, ou melhor BERRO, BEM ALTO.... Começo devagarinho calmamente. Ninguém me pode acusar de começar imediatamente aos gritos. Começo sempre calmamente a avisar que estão a passar da linha. Não ouvem. Melhor (ou pior), ignoram e continuam a fazer o disparate como se eu nem existisse. Aviso uma vez, duas vezes, três vezes. Á medida que vou avisando o meu tom de voz começa a subir, o coração a acelerar. Eu não quero gritar mas o coração está a rebentar e as veias começam a dilatar. Sei que não vou aguentar e à décima vez GRITO! Não resulta. A festa continua... para eles tudo é uma festa. Sou eu que estou errada? Não deviam rir-se até lhes doer a barriga mesmo estando eles cheios de comida na boca? Se calhar estou errada. Devia deixar... viro costas... engasgam-se, cospem... Não aguento. BERRO!!! Nervosa, agarro nele(s) e a minha vontade é pregar-lhes um valente estalo. Mas não faço isso. Eu não sou dessas mães. Sou uma mãe que ladra mas não morde, grita mas não bate... respiro fundo e o desafio continua. Não aguento e contra tudo o que penso, desejo e sou, dou um puxão de orelhas a ele(s). Dói-me mais a mim do que a eles. O meu coração aperta-se de dor. Mas eles param. E o silêncio ouve-se finalmente. Não sem antes terem passado da gargalhada ao choro. E o meu coração de mãe chora com eles e pergunta porquê? Será que sou eu que descarrego mesmo as frustrações do dia, da vida, na felicidade deles? Mas eles iam vomitar penso eu para mim, como se a justificar o meu deplorável ato. Sinto-me uma louca. Ajo que nem uma louca. Não devia ser preciso. O meu coração acalma e volta ao ritmo normal. Aprecio o silêncio embora haja uma nuvem negra no ar. Eles sabem que são as pessoas mais importantes para mim. Sabem que os adoro mais que tudo na vida. Mas até eles devem achar-me uma louca. Tenho uma ou duas horas até ao próximo desafio. A hora de dormir. Tudo para eles é uma brincadeira. Tudo para mim é um desafio. Sou só eu que acho mal jogarem à bola antes de irem dormir? Ou darem pulos na cama? Ou fazerem lutas de wrestling? E o palavreado? Devo fechar os ouvidos ao ouvir a palavra pila 10 vezes em 2 frases? E volto a respirar fundo e a pedir devagarinho para se acalmarem pois é hora de dormir. Não ouvem. E eu levanto a voz um bocadinho, e mais um bocadinho pois continuam sem ouvir. E viro costas e vou-me embora numa tentativa que eles percebam que está na hora. Mas se não volto, as lutas de wrestling continuam. Afinal dormir é uma seca e quanto mais tarde melhor. Depois de mais uns berros (com sorte desta vez fico-me "só" pelos berros), finalmente estão deitados. Respiro fundo e olho para eles. São tão inocentes. Lindos. Felizes. E eu desmancho-me toda. Abraço-os e beijo-os com toda a minha alma. É a minha alma a pedir desculpa por ser louca. Mas não consigo ser de outra forma. O problema não é deles, é meu. Foi o que li num desses últimos textos que circulam na net. Se calhar é. Ou talvez não. Se calhar eles também podiam ajudar um bocadinho e perceber que há limites e horas para tudo não? A vida não é sempre um carrossel. A vida tem momentos de brincadeira e momentos mais sérios. Eles já não são bebés. São os meus bebés, mas com 8 anos, a caminho de 9 já não são bebés. Há o certo e o errado. Há a brincadeira e o exagero. E eles sabem que para brincar estou sempre pronta. Rio das piadas parvas deles, danço e pulo e faço caretas com eles. Até jogo à bola com eles quando menos esperam fazendo as delicias deles. Há horas para tudo. Não! Desculpem mas a culpa não é só minha! Os meus berros são a minha tentativa desesperada de lhes educar. Não devia berrar? Então devo fazer o quê quando a conversa não resolve e quando me ignoram? Deixá-los está fora de questão. Isso também não é educar. Castigar? Sim... até quando? E pior... quando estou sozinha neste desafio. Porque com o pai a vida também é uma brincadeira (quase sempre).

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Balanço 2015

2015 foi um ano....

Tenho lido imensos blogs com um balanço de 2015 cheio de superações, cheio de feitos, cheio de novidades e concretizações de objectivos.

Tenho tentado arranjar uma palavra que descrevesse este nosso ano, mas por mais que tente não consigo. Foi um ano morno. Em que não se passou nada que valesse a pena registar. Foi um ano que passou por nós (mim) e olhando para trás, não aconteceu nada de novo. Nem velho. Simplesmente não aconteceu nada além dos ossos partidos.

E sinceramente não sei se fico feliz com isso. Não acontecer nada também é mau. É frustrante. Ainda para mais para uma pessoa como eu, que vivo com objectivos, vivo cheia de afazeres, vivo cheia de vida. Não acontecer nada significa que não me superei, que não tentei (ou tentei pouco) ou pior. Não sonhei... será que não sonhei?

Ou não sonhei com a devida força. Foi de tal modo forte esta minha sensação que na minha passagem de ano não consegui sequer desejar nada para 2016 além do básico, saúde, amor, paz e dinheiro.

Isto não sou eu. Iniciar o ano sem objectivos não sou eu. 

A verdade é que existe uma razão muito forte para esta minha falta de objectivos, falta de sonhos. Uma razão que tento não pensar muito no assunto, até porque não me adianta de nada andar a chorar pelos cantos. Uma razão que comparada com os problemas da humanidade ou de milhares de pessoas não é nada. Mas... cada um sabe de si, e cada um sabe de que forma lhe doem os calos.

2015 foi um ano em banho maria.

2016 pode continuar a ser um ano em banho maria, ou pode ser um ano de uma grande viragem da nossa vida (para o bem ou para o mal, não sei).

E esta indefinição, este banho de maria que me destrói, este aperto sempre presente. Esta coisa que me está a impedir de sonhar. Não me impede de sorrir, não me impede ser feliz, porque há um tempo que decidi que não me iria tirar o sono. Mas corrói cá dentro. Cada dia mais um bocadinho, devagarinho. E eu só quero tirar este peso de cá de dentro. Para poder voltar a sonhar e a ser livre.

PS: Não se apoquentem porque mais uma vez não é nada que não se resolva a seu tempo. Leva é tempo.