quinta-feira, 26 de março de 2015

Fim de semana em Paris

Dizem que não é possível conhecer Paris em 2 dias. Pois de facto não é. Não é, pela simples razão que Paris é muito mais do que monumentos. Para conhecer Paris realmente é preciso tempo para apreciar o movimento das ruas, o amor que anda no ar e que se sente e que se vê em cada esquina. Nem é preciso levar um namorado para nos enamorarmos por Paris. Claro que com um companheiro torna toda a experiência ainda mais gratificante mas Paris por si só, já é uma cidade apaixonante.

Que dizer mais de Paris? Os prédios são fascinantes, de uma arquitetura única. Prédios baixos de 5 ou 6 andares. com águas furtadas enormes, janelas grandes, brancas ou cinzentas, muito bem arranjados, limpos e muito bem conservados. Palácios, basílicas e igrejas de tirar a respiração e respiram arte por todos os poros.

Eu não sou fanática por arte confesso mas mesmo não sendo, era impossível não gostar das pinturas e esculturas por que passávamos.

Depois existe a vida parisiense, os cafés únicos com esplanadas de cadeiras de palhinha, todas com aquecedores e outras com mantinhas convidavam a sentar para beber um café e/ou comer um croissant ou bolo. Por falar em bolos... as boulangeries e patisseries são um atentado a qualquer dieta. Esqueçam a dieta quando lá estiverem. São momentos únicos.

Portanto para conhecer Paris é preciso tempo para isto. Não fazer nada. Coisa que é impossível de acontecer se só estivermos lá um fim de semana ou no nosso caso, desde as 13h de sábado até as 13h de segunda feira.

Mas e então? Não conhecemos Paris? Claro que sim, mas preparem-se para andar. Andar MUITO!!!

Vou expor aqui o roteiro que fiz, depois de muita pesquisa na internet por circuitos de 2 e 3 dias e como conhecer Paris em 3 dias ou num fim de semana. O meu foi adaptado e acho que devem sempre adaptar as vossas necessidades e ao tempo que estiver na altura que forem.

Eu fui no 1º fim de semana de Primavera. De 21 a 23 de Março. Tinha escolhido esta altura porque à partida estaria melhor tempo. Engano meu. Primeiro conselho. Escolham uma altura com tempo mais ameno.

Chegámos ao Hotel no sábado perto das 13h. O Hotel escolhido foi o Hotel Le Chaplain Rive Gauche. Foi uma escolha excelente. Ficava na zona de Montparnasse, perto do metro, com vários restaurantes e patisseries na redondezas o que foi ótimo. Deste modo, pudemos dispensar o pequeno almoço no hotel e vivenciar um pouco do verdadeiro pequeno almoço parisiense sem  sentirmos que estavamos a ser assaltados.

Esta foi a primeira reação. Toda a gente dizia que em Paris era tudo caríssimo, o café, um bolo, etc. De facto, não vale a pena tomar o pequeno almoço no hotel pois fica verdadeiramente caro. No entanto, se tivermos a sorte de encontrar uma patisserie perto que foi o caso, conseguimos tomar um excelente pequeno almoço por pouco mais do que pagaríamos em Portugal. Por exemplo: sumo de laranja: 3 euros, croissant: 1,30 ou baguete prensada mista com varias coisas grande (que dá para duas pessoas): 4,5€, café: 1,5€.

Não. Não é barato mas para Paris... não é caro, acreditem. Para mais sabendo que o salário mínimo lá é de 1.300 euros contra os nossos 500 euros aqui.

Voltando:

Dia 1 Sábado

Chegada as 13 horas ao Hotel. Almoçámos numa patisserie lá perto e fomos de metro até ao Louvre. Apanhámos um pico de poluição e por isso mesmo todos os transportes públicos eram free até segunda feira. Foi pura sorte.

Chegados ao Louvre, a famosa fila. 45 minutos certinhos. Só para passar a segurança. A compra do bilhete era lá dentro e levou 1 minuto.


Como já disse, não sou fanática por arte mas conhecer o Louvre fazia parte do imaginário e nem pensar em sair dali sem ver a Mona Lisa. Assim, pegámos no mapa do Louvre e definimos as zonas que queríamos ver. Mona Lisa, Grécia antiga e circuito egípcio.

Assim foi. Deste modo não perdemos grande tempo em zonas que não nos diziam nada e tivemos uma visão bem realista do que era o Louvre. A Mona Lisa era de facto o que diziam. Uma desilusão. Um quadro pequeno espetado numa parede com montes de turistas a tirar foto em frente ao vidro que a protegia. Como já tinha ouvido estes relatos já não me surpreendeu. E, até consegui chegar bem perto do quadro para tirar uma foto.

 Mona Lisa

As esculturas gregas como a Vénus de Milo, fizeram parte do roteiro bem como a parte da mitologia grega que é algo que me fascina. Sentámos um pouco num café a descansar antes de irmos visitar o circuito do Egipto. É sempre giro apesar de, como já fui mesmo ao Egipto, já não me surpreendeu muito.


 Le Chevaux de Marly
 Aphrodite - Vénus de Milo
 Sagitário
 Circuito Egipto


De notar que tínhamos acordado as 04h30 da manhã por isso começámos o dia logo cansados. Umas 2h30 depois, achámos que já tínhamos visto o suficiente do Louvre e seguimos para a Pont des Arts.




Tinha comprado um cadeado de propósito para deixarmos lá e assim o fizemos. Foi giro e impressionante o numero de cadeados presos na estrutura da ponte. Não admira que digam que a ponte um dia ainda cai. Feitos os votos de amor, decidimos fazer um passeio de barco. Há várias empresas que fazem passeios mas escolhemos os Bateaux Mouche. Como ainda ficava afastado do sitio onde estávamos e o cansaço e frio eram mais que muito, apanhámos um taxi até ao local. 

A nossa ideia era fazer o passeio no lusco fusco para vermos as luzes da cidade a acender mas, como ainda era relativamente cedo e estava demasiado frio para esperarmos onde quer que fosse, resolvemos fazer naquela altura. 








O passeio de barco vale imenso a pena. Consegue-se ter uma ideia da cidade vista do rio que é uma perspectiva muito diferente do passeio a pé. Todo o caminho ao longo do Sena é recheado de prédios e palácios soberbos e pontes trabalhadas. A vista da Torre Eiffel do barco também é linda. Fizemos praticamente todo o passeio no topo do barco ao ar livre. Apesar do frio vale a pena o sacrifício. Também se pode jantar nos barcos mas é estupidamente caro e não sei se valerá a pena.

Depois do passeio, entrámos num café para beber um chocolate quente e um gauffre com nutella e aquecermos um pouco pois estávamos completamente enregelados.

Nesse dia, demos como terminados os passeios. Fomos para o Hotel descansar e decidimos jantar num restaurante lá perto, sugestão do Hotel.

Dia 2 - Domingo

No domingo levantamo-nos e fomos com a ideia de tomar o pequeno almoço na patisserie onde tinhamos almoçado no dia anterior. Correu mal pois ao domingo estava fechada, tal como várias outras pequenas patisseries da zona. Depois de procurar um pouco lá encontrámos uma que oferecia um pequeno almoço por 8€ cada e incluía sumo de laranja, café com leite ou chocolate quente, meia baguete de um pão parecido com o de mafra, com manteiga e um croisssant com doce de morango. Pareceu-nos bem e não nos arrependemos. Estava delicioso. 

Enfiámo-nos no metro para ir à Torre Eiffel. A fila, talvez por ser cedo e o tempo não estar maravilhoso não era muito grande e em meia hora comprámos o bilhete e chegámos ao elevador que nos levaria até ao topo. A parte mais chata é mesmo essa, a dos elevadores. Os elevadores têm capacidade limitada e principalmente do 2º patamar até ao topo, são bastante morosos e vamos tipo sardinha em lata. No entanto depois de sair do elevador esquecemos completamente esse pormenor pois a vista é de cortar a respiração. O tempo estava nublado mas dava para ver perfeitamente toda a cidade lá do alto. Não fosse o frio ficariamos lá algum tempo mas o frio estava insuportável e descemos para o 2º patamar para tirar mais algumas fotos. No 2º patamar a vista era igualmente fantástica e resolvemos descer pelas escadas até ao 1º patamar que tem um chão de vidro e um café. Bebemos um café e saímos da Torre. Teria sido bem melhor com um tempo solarengo e quentinho mas continuo a dizer que valeu a pena.









Nesse dia tinha decidido que seria para caminhar mas resolvemos partir do Arco do Triunfo. Apanhámos o metro até lá e de lá começámos o passeio pelos Champs Elysées. Foi se calhar de tudo o que menos me impressionou. É uma avenida grande sim com mega lojas, ultra caras de um lado e do outro. No fundo a fazer lembrar a nossa Avenida da Liberdade mas em ponto grande. Como já era quase hora de almoço, entrámos numa pizzaria na avenida. E sim, pagámos bem por uma pizza e uma Coca Cola mas lá está. Estávamos nos Champs Elysées. Outra coisa não seria de esperar. Ainda assim, podíamos ter partilhado uma pizza e uma entrada e talvez ficasse mais barato pois a pizza era enorme e sobrou imenso.

 Arco do Triunfo
 Louis Vitton nos Champs Elysées

 Praça da Concórdia

De barriga cheia continuámos a nossa caminhada até  à Praça da Concórdia. Na praça, não resistimos a um delicioso crepe com Nutella ( Há Nutella em todo o lado, em Paris). Seguimos em direção à Ópera. Na escadaria da Ópera estavam sentados imensos turistas a ouvir um musico de rua cantar sucessos como James Blunt e outros. Sentámo-nos também um pouco a ouvir. O musico era uma simpatia e interagia imenso com o publico e com os transeuntes que passeavam por ali. Eramos capazes de ter ficado ali uma tarde inteira a ouvir, com o solinho que finalmente estava a descobrir a aquecer-nos. O edificio da Ópera é imponente e fiquei com pena de não o ter visitado por dentro. Fica para uma próxima. Seguimos pela rua de Laffayette mas os armazéns estavam fechados por ser domingo e como o nosso próximo ponto seria o Sacré Cour, fomos de metro até lá.



 Ópera Garnier

O Sacré Cour é uma basílica que fica no ponto mais alto de Paris e como tal tem uma vista fabulosa, além da própria basílica ser linda. Para subirmos até lá temos a opção da escadaria dos jardins em frente ou um funicular. Apesar do cansaço, escolhemos a escadaria e ainda bem que o fizemos. Ao longo da escadaria, atuavam malabaristas, contorcionistas, dançarinos, músicos e nós íamos parando e sentando em cada ponto, assistindo aos espetáculos. A vista é estrondosa e mais uma vez apetecia-nos ficar ali um bom tempinho a apreciar tudo aquilo. Estava a decorrer uma missa cantada na basílica. Que coisa linda. Dá até para arrepiar e sentimo-nos transportados por uma tranquilidade absoluta lá dentro.

 Escadaria do Sacré Cour
 Eusébio em Paris

 Sacré Cour

Seguimos então para Montmartre sempre a pé, em direção ao Moulin Rouge. Pelo caminho, uma zona bem diferente daquela porque tinhamos passado. Montmartre é um bairro charmoso e boémio, caracterizado por ruazinhas mais estreitas e arborizadas, cafés, lojinhas de bolos, padarias e mini mercados. Foi lá gravado o filme da Amélie Poulain e numa próxima viagem a Paris terá de ser melhor explorado pois tem imensa coisa para ver e... viver.

 Moulin Rouge

O Moulin Rouge é tal e qual como nas fotos e postais. Antigamente o espetáculo era paragem obrigatória para quem visitava Paris, hoje em dia apesar de ainda haver espetáculos, e caros, já ficamos contentes só de lá passarmos em frente. Eu pelo menos, fiquei.

Tínhamos pensado em jantar por Montmartre mas como também queriamos ver a Torre Eiffel iluminada à noite trocámos os planos. Fomos até ao Hotel descansar e fomos jantar ao Trocadéro. Dizem que é do Trocadéro que se tem a melhor vista sob a Torre Eiffel e nós queríamos confirmar isso. Como era domingo, os melhores restaurantes aconselhados pelo Trip Advisor estavam fechados, mas resolvemos arriscar na mesma e chegámos ao Trocadéro. Não foi preciso andar muito para vermos uma pequena hamburgueria numa transversal que estava cheia de familias inteiras parisienses. Esperámos uns minutos por uma mesa e pedimos um hanburguer com queijo de cabra e molho pesto e um com mostarda e mel e presunto. Os hamburgueres eram fora de série. Enormes, a carne suculenta e saborosa, acompanhado de batatas fritas cortadas á mão grosseiramente e deliciosas. Acompanhava também com uma pequena salada. Foi uma refeição fabulosa. O preço também não foi barato mas o hamburguer também não tinha nada a ver com o Mac Donalds.

Torre Eiffel de noite

Saímos mesmo a tempo de assistir às 22 horas ao piscar das luzes na Torre Eiffel, vistas do melhor ponto do Trocadéro onde estavam reunidos imensos turistas à espera do espetáculo. E que espetáculo. Naquela altura apaixonei-me ainda mais por Paris e decidi esta não seria a única viagem a Paris que faria na vida. Foi tão BOM!!!!

Dia 3 - Segunda Feira

O nosso avião partia as 17 horas daí que o ultimo dia seria mais calmo. Ainda assim, tinha planeado alguns passeios para fazer. Arrumámos a mala, deixámos na recepção, tomámos o pequeno almoço na nossa patisserie de eleição e seguimos para Notre Dame. Estava cheia de miudos em visitas de estudo. A Catedral é caracterizada pela sua estrutura gótica e pelas gárgulas no seu alto. Infelizmente já não tinhamos força para subir 385 degraus até ao topo, e para dizer a verdade nem descobrimos onde se subia. Vale a pena visita-la por dentro mas não vale a pena visitar a sala do tesouro. 



 Notre - Dame

Depois fomos caminhando em direção aos Jardins do Luxemburgo sempre a pé, calmamente, observando tudo à nossa volta. Fiquei fascinada com o jardim. Enorme, super bem arranjado e como o dia estava solarengo e quentinho, estava cheio de parisienses sentados nas cadeiras verdes expostas à volta dos lagos e recantos do jardim, a ler, a ver o jornal, a jogar palavras cruzadas. Achei extraordinário e mais uma vez deu-me vontade de sentar numa cadeirinha com um bom livro e sentir o sol a aquecer a pele, desfrutando daquele momento.

Dos Jardins do Luxemburgo até à Torre de Montparnasse, foi mais penoso. Chegámos à torre e a ideia era subir mais uma vez até ao topo mas tirámos logo dali a ideia quando vimos o preço. 15 euros por pessoa só para subir 56 andares no elevador mais rápido do mundo e chegar ao topo do edifício para ver a vista, pareceu-nos um preço absolutamente ridículo e escandaloso.

Jardins do Luxemburgo

Resolvemos então sentar-nos calmamente numa esplanada para almoçar e ali ficámos até ser a hora da partida, observando os parisienses, apreciando o sol que se fazia sentir e respirando Paris.



Foi uma visita muito cansativa mas maravilhosa. Paris ficou definitivamente no TOP das minhas cidades europeias preferidas. Da próxima vez que lá for, vai ser para apreciar a vida parisiense, nas calmas. Mas quem for pela 1ª vez a Paris tem mesmo de visitar o que visitei. Sem isso também não conseguimos sentir Paris por inteiro. Da próxima vez, a viagem terá de ser numa altura com tempo mais quente. Vale a pena.