terça-feira, 23 de setembro de 2008

Fez 3 anos!!!

Fez 3 anos no dia 16 de Setembro que por uma razão menos boa a minha vida mudou radicalmente para melhor. Nunca ouviram a expressão... passou-me a minha vida toda diante dos meus olhos... eu já tinha ouvido... e naquele fatidico dia... vi literalmente a minha vida toda passar diante dos meus olhos... tudo o que já tinha feito, vivido, passado, bom e mau e tudo o que gostava ainda de fazer e naquela altura... não sabia se ia conseguir fazer... pois é. Naquele fatidico dia, uma quarta feira, estava de férias com os meus pais na festa da Moita e fomos ficar à nossa casa na Costa. Nessa noite, dava um jogo do Benfica da liga dos campeões, o meu pai fanático quiz ficar a ver o jogo enquanto eu e a minha mãe resolvemos ir comprar jantar. Fomos ao restaurante, comprámos umas pataniscas de bacalhau com arroz de feijão (incrivel como me lembro tão bem disto), entrámos no carro para voltarmos para casa e de repente... por uma mera distracção minha, não parei num stop, não vi uma carrinha de caixa aberta que se dirigia a alta velocidade à minha esquerda no cruzamento, e numa fracção de segundos, o carro dá uma pirueta e embate com estrondo num muro. Perco imediatamente os sentidos. Acordo... e foi qd vi a minha vida toda passar à frente por uns segundos... tinha varios vizinhos à minha volta. Estava deitada no chão... dorida... parecia que não me mexia... ao longe vi a minha mãezinha... sentada numa cadeira, com ar desfigurado a gemer e a chorar. Perguntei pela minha mãezinha... foi a minha primeira pergunta... a minha mãezinha... e chorei... chorei...tanto... os vizinhos tentavam perguntar-me o que me doia, como me chamava enquanto a ambulancia não vinha. Eu ia respondendo... chorando... sempre... A ambulância chega... lembro-me de me deitarem naquela tábua fria e dura da ambulancia. Puseram-me um colete para que não me mexesse... o meu mano entretanto chegou e a minha preocupação foi... avisa o JP... avisa o JP...
O JP era o meu namorado recente... namorávamos há 4 meses na altura. Os meus pais tinham-no conhecido há 4 ou 5 dias atrás. Viviamos cada um na sua casa, eramos divorciados e tinhamos uma vida boa os dois. Podia dizer-se que era boa. Na altura não pensávamos no futuro. O futuro o tempo o diria. Viviamos o momento... o melhor que pudessemos.

Naquela altura lembro-me que pensei nele... pensei na minha vida... queria-o ao pé de mim... na altura lembro-me de ter pensado... quero viver tantas e tantas coisas ainda com ele... isto não me pode estar a acontecer... tenho ainda tanto para viver... Depois de tanto tempo sem conhecer nenhum homem que realmente valesse a pena, estava ali o JP e eu... podia ter deitado tudo a perder por uma simples distracção. A minha mãezinha que adoro... estava a sofrer as consequências desta minha distracção... e não conseguia imaginar a minha vida sem a minha mãezinha... não naquela altura... nem em altura nenhuma... a minha mãezinha para mim era... e é eterna.

Lembro-me bem... pensei tanto... pensei tanto naquela altura em que não há mais nada para fazer, se não estar ali deitada e pensar...

O JP disse-me depois... quando o meu irmão ligou, ele, outro fanático do benfica que tinha ido ver o jogo ao estadio, largou tudo e veio directo para o hospital. Foi a primeira de muitas provas de amor que ele me foi dando.

Depois de termos sido observadas, fui para casa com diagnostico de algumas escoriações e nada mais. Doia-me a cabeça, mas o TAC nada acusou. Repouso bastava, diziam. A minha mãe, teve costelas partidas, ombro partido e joelho partido. Teve de ficar internada bastante tempo, ser operada e uma recuperação muito lenta e dificil. Desde essa altura o JP não me largou mais. Pediu dispensa uns dias no trabalho que tinha arranjado recentemente para ficar comigo. E mesmo quando voltou ao trabalho, voltava sempre depois para passar a noite comigo. Acabei por me mudar para casa dele sem que sequer falássemos sobre isso... Foi tão natural que nem se colocou outra hipotese. E o tempo foi passando...

2 meses depois outro choque. As dores de cabeça que tinha, derivadas do acidente não passavam, pelo contrário. Eram constantes... começavam de manhã e prolongavam-se até à noite. O comprimido aliviava por algumas horas mas quando passava o efeito lá estava ela. Era tão desagradável que por insistência da familia e por mim também, resolvi consultar um neurologista. Os meus pais aconselharam-me o Prof. Dr. Lobo Antunes, conceituado nesta área. Foi a familia toda à primeira consulta. Mostrei o TAC, disse o que sentia e o Dr. Lobo Antunes não se mostrou preocupado. O TAC estava bom, não era preocupante, por via das duvidas mandou-me fazer outro e voltar lá quando acabasse de o fazer. Uns dias depois voltei lá para fazer o novo TAC e dirigi-me à consulta... sozinha, pois tinhamos ficado mais descansados pensando que não era nada. Entrei no consultório, sentei-me e mostrei o TAC ao Dr. O Dr. olhou, olhou e muito calmamente disse... minha querida, afinal as suas dores de cabeça têm motivo... tem aqui um grande hematoma do lado esquerdo... e mostrou-me a foto do TAC. Eu, sem perceber nada olhava para a radiografia. Ele explicou-me que a massa mais escura que eu via na foto era um hematoma que ia aumentando de intensidade com o tempo e estava a fazer pressão no cérebro, o que provocava as ditas dores de cabeça. Respirei fundo... e agora? Agora minha querida... vamos ter que operar... quer ser operada aqui na CUF? A minha cabeça andava nesta altura a mil à hora... operada eu? que nunca tinha sequer levado pontos... perguntei quando e... novo choque... amanhã? Meu Deus... amanhã? Já? Minha querida... quanto mais depressa melhor... a tendencia é piorar. - Dizia-me o Dr. Lobo Antunes. Saí do consultório com as pernas a tremer... Quando cheguei à rua não aguentei e chorei compulsivamente. Não tinha ninguém ali para me abraçar naquela altura. Tinha ido sozinha a consulta pensando que não se tratava de nada e saio dali com o diagnostico de uma operação de urgência no dia seguinte. Quando me recompuz liguei para o JP e para a minha mãe para dar a noticia. Foi um choque para todos. Apesar de no fundo ja estarmos a espera, nunca estamos à espera até de facto nos dizeram como é. E a esperança de não ter nada estava lá.

Não tive muito tempo para pensar... 1 dia não dá para nada, nem para me refazer do susto nem para me mentalizar. No entanto, naquele dia tomei uma decisão para mim propria. Quero viver. Quero viver muitos anos ainda. Quero estar com alguém... quero estar com o JP. Fazia-me tão bem estar com ele. A presença dele acalmava-me a mente. Apenas o facto de o sentir ali presente fazia-me sentir segura. Quanto não valia isso. O JP era o "The one". Aquele por quem eu inconscientemente procurei... estava ali. A vida podia não ser perfeita, podia ter um emprego de m****, podia não ter tanto dinheiro como queria, o JP podia não ser perfeito, mas ter alguém que me apoiasse numa das piores alturas da minha vida... valia tudo. E eu amei-o e tive consciencia disso naquela altura. Era ele que eu queria que estivesse ali comigo naquele momento... e estava. Fui operada, raparam-me o cabelo todo, fizeram-me 3 buracos no craneo para me tirarem o hematoma. Sai do hospital no dia seguinte, careca mas com uma nova vida para viver. Uma nova vida junto do homem que eu soube que amava naquele momento e que queria ao pé de mim para o resto da minha vida.

Agora.. A vida continua sem ser perfeita, o JP continua sem ser perfeito, a relação continua sem ser perfeita... mas sabem que mais? Nada nem ninguém é perfeito, o que interessa é sermos felizes com aquilo que somos e que temos. E eu neste momento sou feliz. Tenho 2 filhos lindos PERFEITOS e estou com o homem que amo e temos saude (as constipações não interessam para aqui). Melhor que isto? Hummm Claro que há... queremos viver sem problemas de dinheiro, uma vivenda com piscina, ferias onde quisermos.... eheheh, os 4 claro! Esperança? Temos sempre esperança... e um dia... quem sabe... seremos ainda mais felizes!

3 comentários:

Maria disse...

Só pode ser por seres sagitariana... do mesmo dia que a Leonor, ainda por cima. Ok, acabaste de me fazer chorar com este post. A maneira como descreves o teu príncipe imperfeito fez-me lembrar a minha própria forma de escrever e tal nunca me tinha acontecido.Reconheci-me em tantas passagens...
És uma lutadora e uma sobrevivente e é por isso que te admiro tanto.Já me tinhas contado isto, da segunda vez que almoçamos juntas, mas agora aqui, deu para sentir verdadeiramente toda a emoção.
Desejo-vos toda a felicidade do mundo. Beijinhos muito grandes

SP disse...

Ritinha... Não fazia ideia do que tinha passado ctg. Li tudo o que escreveste com um nó na garganta... Deves ter passado um mau bocado. Nunca fomos muito "juntas" mas sempre tive carinho por ti. E sinto-me triste ao saber o que se passou ctg...

Beijinho grande

Célia disse...

Ritinha
Estou surpreendida, encantada ao mesmo tempo, nem imaginava q td isto te aconteceu... mereces mt ser felize disfrutar d cada momento.
1 beijinho mt amiga.
Célia (Tiago e Inês)