quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Sobre as amizades... again

Eu não tenho “melhores” amigas… neste momento não tenho “aquelas” amigas. Já disse isso aqui, com uma certa mágoa, pois há pessoas que simplesmente deixaram de o ser sem que percebesse o motivo. Tenho muitas conhecidas, tenho muitas amigas de ocasião e tenho algumas que gostava que fossem “aquelas”. Já tive muitas amigas. Houve uma época, há 5 anos atrás que pude dizer que tinha a vida completamente preenchida de amizade. Tinha muitas amigas de ocasião, mas mesmo essas amigas de ocasião, naquela época, eram daquelas amigas que eu sabia que podia contar com elas. Eu sou uma pessoa que gosto de ter amigas. Gosto de saber que há pessoas que me querem bem, que gostam de mim pelo que sou, que não tenho de estar constantemente a tentar agradar. Nessa altura eu senti-a isso. Tinha 2 “melhores” amigas nessa altura. A minha amiga C do trabalho, e a amiga B que conheci faz dia 14 de Fevereiro 5 anos.
A historia da minha amiga C foi muito engraçada pois quando a conheci no trabalho detestei-a e vice versa. Não nos dava-mos nada, nada bem. Não sei explicar bem mas não houve aquela empatia inicial. No entanto, com o passar do tempo em que nos fomos conhecendo melhor, fomos verificando que não éramos tão diferentes assim e partilhávamos imensos aspectos da nossa vida. Fomos criando laços que começaram a ir bem para lá da amizade de colegas de trabalho. Apesar de termos as nossas diferenças, completavamo-nos em diversos aspectos. E eu sabia que a C estava lá se eu precisasse. E acho que a C sabia que também podia contar comigo.
Conheci a amiga B num jantar de dia de namorados só de raparigas que não tinham ninguém com quem passar o dia e queriam era divertir-se. Também não foi uma amizade instantânea. No entanto, foi uma amizade que também ela foi crescendo, foram trocados números de telemóvel e foram partilhadas mágoas e alegrias. A B era o tipo de pessoa armada em forte, parecia saber o que queria da vida, uma pessoa que estava habituada a contar apenas com ela própria, senhora do seu nariz. Eu não era bem assim. Eu aprendi a viver sozinha e a contar comigo própria as minhas custas e não era uma coisa que gostasse. Eu não gosto de estar sozinha. Para mim estar sozinha só como opção. Gostava de saber que se quisesse, não precisava de estar sozinha. Daí a minha necessidade de ter essas ditas amigas. Adiante, a amiga B veio a tornar-se uma das minhas melhores amigas se não a melhor. Com ela partilhei coisas que nunca tinha partilhado com absolutamente ninguém. Foi minha confidente, o meu ombro amigo, foi a minha companheira de alegria que não se importava de ir dançar para o meio da rua se tivesse feliz. Eu com ela descobri o meu verdadeiro eu. Com ela fazia o que me dava na veneta. Não me interessava o que as outras pessoas pensavam.
Cometi um erro crasso. Um erro que me arrependi amargamente. Como gostava de ter amigas e sempre tentei dar-me bem com toda a gente, achei que toda a gente seria como eu e queria que todas as minhas amigas se dessem bem umas com as outras porque não queria abdicar da companhia de ninguém em nenhuma circunstância. Claro que foi um erro. Sei agora que as pessoas não são iguais a mim e não têm que gostar umas das outras. Daí que, ainda que tivéssemos passado bons tempos todas juntas, houve uma altura em que a tampa da garrafa explodiu. E quando explodiu deixou muita roupa suja. Nessa altura disseram-se as verdades, zangaram-se as comadres e eu que estava no meio, achei-me obrigada a tomar um partido. Aos poucos as verdadeiras amigas que eu achava que tinha afastaram-se. Fiquei eu e a B apenas. Não digo que o nosso relacionamento de amigas fosse perfeito porque não era. Era notório que eu precisava mais dela do que ela de mim. E isso reflectia-se no meu modo de agir. Mas eu estava a passar uma fase negativa e a B, à sua maneira ajudou-me a ultrapassar essa fase de cabeça erguida. Diziam que eu era uma pessoa forte. Que tinha passado por muito e que tinha muita força interior. Pois digo agora que mostrava ter mais força do que aquela que efectivamente tinha.
Entretanto conheci o JP. Estava feliz por tê-lo conhecido. Quis partilhar a minha felicidade com aquela que se dizia minha amiga. Coincidência das coincidências, o mundo é muito pequeno e quando falei com a B sobre o JP, descobri-mos que ele era nada mais nada menos que o ex marido de uma amiga dela. De repente, a nossa amizade transformou-se. Aos poucos as confidências acabaram, a partilha de alegrias e tristezas acabou. Eu afastei-me sim. Afinal de contas eu tinha objectivos na vida. Queria encontrar a pessoa que me ia fazer feliz, queria ter filhos e não ia deixar escapar essa oportunidade. Afinal de contas se ela fosse minha amiga verdadeira não o ia deixar de ser, apenas porque tinha arranjado um namorado. Acontece que ela deixou de ser a minha melhor amiga. Achou que se eu tinha namorado, não devia precisar dela. Não sei. Sei sim que ela deixou de precisar de mim, se é que alguma vez precisou. Pior, nessa altura começaram a acontecer coisas estranhissimas que me deixaram com suspeitas gravíssimas que havia alguém que não queria que eu e o JP continuássemos juntos. Mais uma coincidência? Eu e ele ultrapassámos essas questões e hoje somos felizes com dois filhos maravilhosos que são a melhor coisa que me aconteceu na vida. Perdi a B. Se tenho pena? Se calhar não… pois afinal de contas ela não era a amiga que eu precisava. Ela também me deixou. Ela também não quis continuar a ser minha amiga. Felizmente, voltei a ganhar a amizade da C, de uma outra forma, diferente daquela que tínhamos antigamente. A vida mudou. Os objectivos mudaram. As mágoas essas, ficaram para sempre. A questão do porquê? Mantém-se… Às vezes sinto a falta de ter alguém… Sinto a falta de uma amiga… AMIGA mesmo… com letra grande.

4 comentários:

Maria disse...

Como eu te compreendo!Inclusivé já falamos sobre isto, naquele jantar, lembras-te? Eu tenho 3 amigas com que sei que posso contar efectivamente. Três óptimas amigas que sei que estão lá. Mas sinto essa falta que tu dizes, porque nem sempre posso correr a contar todo e qualquer pensamento que me ocorra. Tenho também muitas amiguinhas ou amigas de ocasião que se calhar também poderiam lá estar se eu algum dia me sentisse segura o suficiente para lhes pedir apoio. Por isso, se calhar, estas amigas de ocasião poderiam ser verdadeiras amigas se eu lhes desse oportunidade.
Quando éramos mais novas, acho que tinhamos menos pudores de precisar de alguém. De pedir ajuda, de solicitar colinho, quando estávamos mais em baixo. Hoje achamos ser super mulheres e não o fazemos, ou pura e simplesmente achamos que não temos de chatear ninguém com os nossos problemas. Ou temos medo do silêncio, quando conhecemos alguém e temos receios de nos mostrar ou de nos fazer descobrir. Não sei se entendes o que estou a dizer, isto passa-se comigo. Há pessoas de quem gosto muito, mas de quem não tenho qualquer tipo de ligação de amizade, a não ser ocasionais encontros ou trocas de mensagens. Porque não se proporciona. Só.
Eu gosto muito de sair, de conviver, de conhecer pessoas, mas depois tenho esse pudor estúpido de poder incomodar o outro.
Por isso, amiga, acho que as tuas amigas com A grande te devem rodear todos os dias, tais como as minhas, mas simplesmente ainda não houve oportunidade de se fazerem descobrir...
Beijocas grandes
P.S. Sabes que podes contar comigo, sim????

Rita disse...

Quando estava a escrever o post lembrei-me constantemente da nossa conversa ao jantar... sim... sei que me compreendes.. e sim entendo precisamente o que dizes... Eu tb sinto isso, o tal pudor estupido, e acredito que seja ele o causador de achar que não tenho "AMIGAS!" Quantas e quantas vezes me apetecia ligar a esta ou aquela pessoa, mas ao mesmo tempo penso.. de certeza que têm mais que fazer do que estar a ouvir-me! Não deviamos ser assim e deviamos lutar contra esse pudor... Obrigado por poder contar ctg e sabes que tb podes contar cmg. E se fizermos as duas um esforço... quem sabe não podemos vencer o pudor... Beijos grandes.

Rita

Maria disse...

Ora vamos lá vencer estes pudores! Deixa lá vir o bom tempo que já te desafio... Beijinhos grandes, é bom saber que posso contar contigo!

Cakuxa disse...

Amiga como te compreendo, estava a ler as tuas palavras e a transportá-las de uma outra forma para mim, é tão estraha a tal palavra "melhor" amiga, eu passei por isso e compreendi que na altura que dava tudo por essa amizade, só era válida quando precisava de mim e comecei a dar valor às amizades que não nos cobram nada, simplesmente são... a vida ensinou-me que não há melhores amigas, há pessoas que podemos confiar e que amanhã conheces outra que podes também o fazer, e em que patamar a pões? pois... o que interessa mesmo é termos aqueles amigos que sabemos que estão lá e que já ultrapassamos a barreira do "tens que dar"!

Estou aqui...

Mil beijinhos