quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Uma tertulia a fazer lembrar os bons velhos tempos

Na quarta feira fui a um jantar com os meus antigos colegas e companheiros de estudo do meu ultimo ano da universidade. Nunca falei disto mas a dada altura a meio do meu curso comecei a detestar tudo. Detestava a turma, detestava o curso, aquilo tudo não me dizia nada e perguntava-me um milhão de vezes que raio estava a fazer ali. Meti-me na AIESEC Lisboa ISEG com a minha única amiga dessa época que ainda hoje se mantém, que tal como eu estava cansada de tudo aquilo, para ver se ganhava algum interesse. Fui relações empresarias da AIESEC Lisboa ISEG e assim consegui passar mais um ano naquele local rodeada de gente que não me interessava nada, uma cambada de interesseiros, arrogantes e invejosos. A AIESEC era o meu escape, onde conseguia respirar. No 3º ano, quando acabou o meu mandato como Relações Empresariais, optei por começar a trabalhar em part-time. Comecei a dedicar menos tempo à Associação apesar de continuar a ser lá que tinha a minha lufada de ar fresco. Mas trabalhar, mesmo em part-time, estudar e ainda estar na Associação não era fácil e no 4º ano tomei uma decisão, talvez a melhor decisão que tomei até hoje na minha vida. Mudar-me para o turno da noite. Assim, podia trabalhar durante o dia e estudava à noite. Era um risco pois não sabia bem onde é que me ia meter e tive imensa gente a desaconselhar-me, nomeadamente os meus pais que acharam que assim, nunca conseguiria terminar o curso. 

Ora pois... enganaram-se redondamente. Apanhei uma turma espetacular, uma turma que eu já tinha perdido a esperança de encontrar na universidade. Eram na sua maioria mais velhos que eu, todos trabalhavam e tinham umas vidas particularmente complicadas, alguns já com família constituída e tudo. Mas acima de tudo eram pessoas extraordinárias, que olhavam para os colegas do lado com espírito de entre ajuda, de uma maneira que eu em 3 anos anteriores nunca tinha conhecido. Nunca me vou esquecer de um dia que tive de faltar por alguma razão que não me lembro e no dia seguinte sem eu ter pedido nada, houve alguém que veio ter comigo e me deu as fotocopias dos apontamentos tirados no dia em que eu tinha faltado. Isto para mim, não existia e agradeci de coração. As noites eram passadas em amena cavaqueira e mesmo as próprias aulas, talvez por serem com pessoas com alguma experiência de vida, ganharam mais interesse pois sentia que de alguma forma se adaptavam à realidade do dia a dia. Tínhamos todos várias cadeiras em atraso. Só eu tinha 8 cadeiras em atraso, divididas por 2 semestres, uma loucura que dava a quantia de 8 cadeiras no total em cada semestre, que eu teria de fazer para acabar o curso. Combinávamos entre nós, uma vez que havia sobreposição de aulas, quem é que ia as atrasadas e às do ano e depois trocávamos apontamentos. Apesar de toda a turma ser espetacular, havia um grupo de pessoas que costumava ir estudar para a estação de serviço na A5 em Oeiras que carinhosamente chamávamos de IBIS por ter o Hotel ao lado. Era uma private joke entre nós. Cada vez que dizíamos que íamos estudar para o IBIS as pessoas arregalavam os olhos de tal maneira que só nos dava vontade de rir. E deixávamos as pessoas a pensar se seria verdade o que era um gozo total. Também combinávamos fins de semana e noitadas em casa uns dos outros. Muita paciência tinha a minha mãezinha quando apareciam lá em casa uns 6 cotas (agora já somos todos cotas, mas na altura eles eram mais), e ficávamos a estudar na salinha horas e horas a fio. Graças a eles e a estas sessões de estudo intensas conseguimos todos passar a Estatistica II, o calcanhar de Aquiles do ISEG que toda a gente deixava para trás. Tive 14 valores! Foi uma felicidade tremenda para todos. Graças a este grupo maravilhoso, o meu 4º e ultimo ano de curso foi o ano em que consegui tirar melhores notas além de ter conseguido o magnifico feito de fazer TODAS as cadeiras que tinha para fazer. Foi sem duvida o meu melhor ano de curso em termos de notas e em termos de gratificação pessoal.

E na 4ª feira, como um dos nossos colegas que reside na Suiça, veio a Portugal em trabalho lá estivemos, em amena tertulia, a conversar como se não tivessem passado 16 anos desde que acabámos o curso. Levei o JP comigo para que ele conhecesse estas pessoas que tanta importância tiveram na minha vida naquele momento . São meus amigos? Sim. São amigos para a vida. Só podem ser, pessoas tão extraordinárias como eles. Foi também parte deste grupo que teve num outro momento muito importante para mim, o lançamento do meu livro. Eles estiveram lá para mais uma vez, me darem todo o seu apoio. Podemos estar anos sem nos falarmos e sem estarmos juntos, podemos estar separados por milhares de Kms, mas tenho a certeza que posso contar com estas pessoas para sempre. Obrigado por fazerem parte da minha vida.


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