sexta-feira, 11 de novembro de 2016

A amizade novamente

A amizade é uma coisa estranha. Não devia ser mas para mim é. Costuma dizer-se o mesmo do amor mas neste caso falo da amizade mesmo. O problema não és tu, sou eu também se pode aplicar aqui. Mesmo achando lá no fundo que não temos culpa alguma desse abandono.

Tenho inveja das amizades longas e sérias, daquelas pessoas que têm os mesmos amigos há 30 e 40 anos e que mesmo não os vendo ou falando todos os dias, sabem que podem contar com aquelas pessoas. A inveja é feia dizem vocês. É, mas eu tenho. E tenho porque nos meus 40 e quase 2 anos de vida, olho para trás e percebo que não tenho esse tipo de amizades na minha vida. A minha amiga mais antiga, digo verdadeira amiga (penso eu de que, pois já não digo nada), tem uns 15 anos talvez. Tenho muitas pessoas que chamo de amigas com muito mais anos como é óbvio, mas sejamos realistas. Serão amigas mesmo?


Costumo escrever aqui imensas vezes sobre a amizade porque é um tema que me toca particularmente. Sou uma pessoa que gosto de estar com outras pessoas, gosto de socializar e por isso não consigo perceber o que se passa comigo quando não consigo manter determinadas amizades.

Tento dar justificações a mim própria. A pessoa x está muito ocupada, não tem tempo para ligar, os filhos têm uma vida social muito ocupada, tudo verdade mas ainda mais verdade é isto. Quando se quer mesmo estar com essa pessoa, arranja-se sempre um bocadinho. Sem espinhas.

Há uns tempos eu escrevia aqui felicíssima que andávamos no auge com novas amizades e que isto dos miúdos teve o seu tempo mau mas que agora é que era e seriam amizades para valer estas de agora que se tinham criado, muito por causa dos miúdos .

Mas é tudo uma ilusão. Era tudo uma ilusão. Como um casal de namorados que nos primeiros tempos é só beijinhos e abraços e amor isto e amor aquilo mas passado um tempo, percebe que os caminhos afinal são paralelos. Ou seja, caminham lado a lado mas sem interferências. Cada um na sua.

Não estou a escrever isto de modo amargo (embora admita que possa parecer). Escrevo isto apenas como o constatar de uma certeza que cada vez tenho mais presente na minha vida.

A certeza que se calhar não é a amizade que é esquisita. Sou eu que estou cada vez mais esquisita e sou cada vez mais exigente. Dizem que a amizade não se cobra mas eu talvez seja uma pessoa cobradora. Porque eu dou muito de mim e fico deveras triste quando não recebo o mesmo do outro lado. Percebo que quando se cobra, o outro lado pode não gostar e percebo porque por vezes também sinto o mesmo por parte de outras pessoas cobradoras. Mas a amizade acaba por ser mesmo isto. É saber cobrar, saber aceitar a cobrança. Não fugir.

Continuo a dizer que os homens são muito melhores que as mulheres a gerir as amizades.

Mas também posso ser eu a culpada de não ter amigas de longa data. Sou de certeza eu.

Ai credo, que post tão lamechas este. Deve ser da mudança de hora que me afectou o humor. E do frio... e tudo... pronto. Já chega. Melhores dias virão para esta miúda tonta.

2 comentários:

Maria disse...

Tu sabes que eu também já escrevi sobre amizade. E este post poderia ter sido escrito por mim.Cada palavra, cada sentimento por detrás.
Sabes o que acho? O problema não está em ti nem em mim. Está nos outros. A amizade hoje em dia é, na grande parte dos casos, um jogo de interesses. Enquanto há a ganhar com o outro, somos todos amigos. Depois esfuma-se. E eu sou uma parva: convites para almoçar; quando a amiga está sem o marido, convida-se a amiga para cá vir, para não estar sozinha; convites para os filhos dos amigos cá virem brincar ou dormir e para irem connosco a sítios que achamos giros para eles; telefonemas e mensagens em datas que achamos marcantes: nos anos, na comunhão, no primeiro dia de escola, quando vão de férias, idas a funerais, casamentos, aniversários, mesmo quando não se pode, dá-se um jeitinho... e do outro lado, o que há? NADA. E que dói ainda mais é quando nos momentos de dor, como foi o funeral da minha avó (amigas? ZERO!), quando a minha filha esteve internada, ou outros, não ter lá ninguém, nem em carne e osso, nem numa m**** de uma sms. E, depois de tantos anos, quando tu achas que tens uma grupeta de amigas, olhares bem mais a fundo e perceberes que na realidade estiveste lá sozinha todo o caminho.
Desculpa lá o discurso derrotista, mas amizade? Onde? Da minha parte sim, mas do outro lado, será que alguma vez houve? Eu gostava um dia de ter alguém suficientemente frontal que me dissesse em que é que eu falho... deve ser na burrice mesmo. Infelizmente não estás sozinha.
Bjs

Carla disse...

Olha Rita, se em tempos vinha aqui por causa dos gémeos, ultimamente tenho deixado passar os posts sem dar grande atenção (desculpa!).
Mas este chamou a minha atenção e tive de o ler.
E tal como a Maria, também acho que podia ter sido escrito por mim. Mas mais do que o teu post, o comentário da Maria podia ter sido escrito por mim!
O que vocês escreveram é tão perfeitamente real que até assusta!
Pois, eu também não tenho amigos verdadeiros. Sim, tenho "jogos de interesse", como diz a Maria.
Mas pronto, se calhar não é tão dramático assim, porque se calhar é normal ser assim. Nós é que vemos muitos filmes, hehehe!
Beijocas :)