domingo, 23 de maio de 2010

Adeus avó... agora foste tu...

E pronto. Já não me restam mais avós... quando nada fazia esperar, quando esperávamos convictamente que a avó Diolinda iria definitivamente chegar aos 100 anos, eis que aos 97 ela resolve partir. Mulher de força, viva, bem disposta e sempre extremamente saudável. No dia 19 de Maio, o meu primo liga para ela, como faz todos os dias, desde que ela voltou a ir para a sua casa. Teve uma amena conversa com a bisneta. Conversas de crianças. Sim... vivia sozinha há 38 anos. Ninguém a fazia tirar da sua casa. Ia passando umas temporadas em casa da sua filha, a minha tia, mas sempre com a sua casinha no pensamento. Eram longos os passeios que fazia lá na vila. Todos os dias, os vizinhos a viam, rua acima, rua abaixo. Várias vezes ao dia. Adorava sentar-se num banquinho de jardim a apanhar solinho. E foi esse mesmo solinho que resolveu tirar-lhe a vida. Ou então porque Deus decidiu que estava na hora. Depois do almoço desse dia fatídico e quente a minha avó resolveu sentar-se na sua cadeirinha no quintal. Estava muito calor. Deve ter adormecido. A vizinha do lado, do seu primeiro andar reparou que havia algo que não estava bem. A minha avó tinha fechado os olhos e resolveu partir... sem avisar...

Foi uma longa vida a da minha avó... e uma boa vida. Apesar de ter ficado viuva muito cedo,  nunca cedeu à tristeza. Sempre vestida de preto e cabelo apanhado atrás da cabeça era uma senhora cheia de conviccões. Era uma benfiquista ferrenha, daquelas que até ouvia relatos de futebol no seu radio transistor, sempre ligado. Acreditava piamente que o homem nunca tinha pisado a lua e ai de quem lhe dissesse o contrário. Chamava de ranhosos aqueles que a queriam enganar de alguma forma. Nunca me vou esquecer dessa expressão. Corria as pessoas indesejaveis à chinelada. Mas acima de tudo e até aos seus 97 anos, nunca esqueceu ninguém da sua familia. A minha avó era unica. Mas não chegou aos 100 anos... com grande pena de todos nós.

A noticia foi um choque para todos nós que nunca pensámos que partisse assim. Chegou a hora, afinal. Fica bem avózinha, onde quer que estejas... Eu nunca te vou esquecer. 

2 comentários:

Rita disse...

Beijinho grande

Maria disse...

Um abraço muito, muito apertadinho!