segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Devia ter ido

E não. Não fui à manifestação. Não fui à manifestação com grande, mas grande pena minha e com um aperto no coração a dizer constantemente. Devias ter ido. Ora pois. O meu marido dizia que não valia a pena e que seriamos só mais 4 na molhada mas e então? Mais 4 são mais 4 a revoltarem-se. A lutarem pelo futuro dos nossos filhos e dos nossos porque não? Eu se fosse, ia lutar pelo meu futuro. Se o meu futuro estiver comprometido, o dos meus filhos estará ainda mais pois dependem de mim. Eu só sei que se por acaso esta anormalidade for para a frente, o meu orçamento familiar vai se ressentir e não é pouco. E eu devia ter ido. Ao ver as imagens na TV, arrepiei-me e mais uma vez arrependi-me de não ter ido. Podia dizer que o sabado foi otimo. Estivemos na piscina na companhia de mais um amigo e da sua filha. Podia dizer que nos divertimos imenso e que foi um dia extremamente bem passado. Podia dizer tudo isso e não deixava de ser verdade. Podia dizer tudo isso... Mas o sentimento com que fiquei foi que... devia ter ido.

E ainda bem que não houve muita gente como eu, arrependida por não ter ido. Ainda bem que foi a maior manifestação de sempre. Ainda bem que as pessoas não foram comodistas e resolveram levantar o rabo do sofá e ir gritar para as ruas. Ainda bem que muita, muita gente preferiu ir fazer numero do que ir para a praia ou ir para a piscina. Ainda bem que houve tanta gente de consciencia tranquila a fazer aquilo em que acredita. Ainda bem pois a minha consciencia está pesada... devia ter ido...

Agora oiçam minha gente. Não fiquem por aqui. Não sejam como eu. Não fiquem em casa. Eu sei que não estou em posição para ouvirem aquilo que eu digo... que vergonha... mas olhem para mim e não sejam assim. LUTEM!!! Não digam depois... Devia ter ido...


3 comentários:

Maria disse...

Devias ter ido, sim! Eu fui e fiquei muito feliz, apesar de ter-me apetecido ficar em casa ou ir passear com a Leonor. Ela ficou nos avós, tive medo de levá-la, mas agora tenho pena que ela não tivesse ido. Porque quero que ela se orgulhe dos pais que tem e que aprenda que, na vida, devemos lutar pelos nossos direitos. Que futuro espera os nossos filhos, Rita, já pensaste? O que vai ser deles daqui a uns anos? O que lhe vou dizer quando ela for adolescente: "Estuda para garantires o teu futuro?" ou "Não estudes, porque não adianta, pois nunca vais arranjar emprego? Foi nisto que pensei quando decidimos ir. Pensei também que este ano nos tiraram o subsídio de férias dos dois, quando não somos responsáveis pela situação económica do país. Fora os cortes de 3, 5% no salário de ambos. Agora os meus pais reformados também levam cortes? Que futuro é este? Eu estudei quase metade da minha vida e sou uma cidadã responsável e cumpridora. Que estado é este que "rouba" os nossos direitos, a nossa vida e nos conduz à miséria e amputa o futuro dos nossos filhos? Revolta, uma grande revolta invade-me por assistir a tudo isto. Nunca na vida sonhei que tivéssemos de passar por isto. E não me vou calar, nem cruzar os braços à espera que me façam mais. Fui à manifestação para gritar a minha revolta, para mostrar que não quero este futuro para nós. Porque podem tirar-me tudo, mas se morrer não é engasgada com coisas que ficaram por dizer.
Um beijinho para ti e para os meninos (para a próxima, tenho a certeza que também vais lá estar! ;)

Lena disse...

E estás sempre a tempo de perceber que ir é a solução... isto se queremos travar este caminho de retrocesso histórico. Dia 29 é dia de ir ao Terreiro do Paço! Sem preconceitos e com projectos de um melhor futuro.

S* disse...

Foi grandiosa, um orgulho.